Belarmino Maria Austragésilo de Athayde

sexta-feira, 29 de maio de 2009


Escritor, jornalista e presidente da Academia Brasileira de Letras por 34 anos, nascido em Caruaru, Pernambuco. Com seus artigos em jornais e revistas, tornou-se uma das vozes mais influentes da democracia nacional, sempre pronto a brandir seu ideário liberal contra as opressões, as ditaduras e toda forma de cerceamento das liberdades individuais e de imprensa. Como repórter, Austregésilo cobriu o julgamento do gangster Al Capone, em 1931. Em 1948, integrou a comissão das Nações Unidas que redigiu a Declaração Universal dos Direitos do Homem. Fez a revisão final do documento, juntamente com o jurista e filósofo francês Rene Cassin, e atribui-se a ele a inclusão do nome de Deus no texto, contrariando o desejo da delegação soviética.

Filho de desembargador, Belarmino Maria Austregésilo de Athayde estudou em seminário na adolescência e, aos 18 anos, tornou-se crítico literário do Correio da Manhã. Foi exilado ao posicionar-se contra o regime na Revolução de 30 e apoiou o golpe militar em 1964. Como escritor, deixou uma obra curta e inexpressiva, não se considerava grande profissional nessa área e tinha predileção pelo jornalismo, mantendo uma coluna no Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro. Foi também diretor dos Diários Associados e escreveu artigos diários no Diário de Pernambuco, Correio Braziliense e Estado de Minas, entre outros. Entrou para a Academia já em 1951 e chegou a boicotar a candidatura de Juscelino Kubitschek em troca de um terreno no qual encontra-se hoje o novo prédio da instituição, no centro do Rio de Janeiro. Ali chegava, invariavelmente às 15 horas e saía às 18 horas, revelando empenho e dedicação à instituição que o acolheu.

Em 1977, declarou: "Somos um clube de homens há 80 anos. Todas as entidades deste tipo, que permitiram a entrada de mulheres, desapareceram". Dois dias depois, os acadêmicos elegiam a escritora Rachel de Queiroz para a vaga deixada por Cândido Mota Filho. As portas da Academia se abriam para um membro do sexo feminino compartilhar do chá com iguarias das quintas-feiras e seu presidente aceitava-a, resignado. Athayde possuía uma casa ampla, num dos bairros mais valorizados do Rio, além de duas ilhas na baía de Sepetiba. Homem de sorte, em 1924, ganhou o grande prêmio da Loteria Federal, no valor de 100 contos de réis, "o que era uma fortuna e me possibilitou ter uma certa tranquilidade financeira, ser um homem rico", afirmaria ele. Amante do esporte, nadava muito e fazia 50 flexões abdominais por dia até poucos anos antes de sua morte. Ferrenho inimigo do fumo e da bebida, comia duas maçãs assadas por dia, além de carne grelhada e legumes. Sua biografia foi lançada em 1998, Athayde - O Século de um Liberal, a partir de farto material reunido pela esposa, Maria José, e reunido em livro por sua filha, Laura Constância A.A. Sandroni e o marido, o jornalista Cicero Sandroni. Austregésilo de Athayde faleceu aos 94 anos, em 13 de setembro de 1993.
 
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