Miguel Arraes de Alencar

terça-feira, 11 de maio de 2010


Político, advogado, governador de Pernambuco por três vezes, nasceu a 15 de dezembro de 1916, no município Araripe, Ceará, onde freqüentou os primeiros anos de escola.

Em 1932, concluiu o curso secundário no Colégio Diocesano, no Crato, também Estado do Ceará, e em seguida mudou-se para o Recife, com o propósito de continuar os estudos e seguir uma carreira profissional.

“Naquela época, diria depois, nunca me passou pela cabeça ser governador dos pernambucanos”.

Ao chegar no Recife, o jovem Miguel Arraes presta concurso público e torna-se, em 1933, funcionário do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA). Em 1937, conclui o curso superior na Faculdade de Direito do Recife e continua sua carreira de servidor público.
Foi graças a essa sua passagem pelo IAA que Arraes se tornaria político. Ali, ele conheceu Barbosa Lima Sobrinho, que chegou a ser presidente do Instituto e, em 1943, o nomeou Delegado Regional do IAA em Pernambuco.

Miguel Arraes iniciou a carreira política em 1948, ocupando o cargo de secretário estadual da Fazenda, a convite do então governador de Pernambuco, Barbosa Lima Sobrinho.

A primeira eleição ele disputou em 1950, elegendo-se suplente e assumindo o mandato de deputado estadual. Em 1958 conquista novamente uma vaga na Assembléia Legislativa de Pernambuco.

Em 1963, quando governador, com o líder do governo na Câmara Municipal de Riacho das Almas, José Magno Sobrinho, e o prefeito Noé Hipólito.

Em 1959, foi secretário da Fazenda no governo Cid Sampaio e eleito prefeito do Recife, lançado pela chamada “Frente do Recife”.

Em 1962, Miguel Arraes (PST) é eleito pela primeira vez governador de Pernambuco, com 47,98% dos votos, derrotando os candidatos João Cleofas (UDN) e Armando Monteiro (PSD).

No seu governo (que não chegaria a concluir), Arraes desencadeou um programa de caráter “nacional e popular”, com ações voltadas sobretudo para os trabalhadores rurais.

A 01 de abril de 1964, Miguel Arraes é deposto pelo golpe militar, saindo do Palácio do Governo, no Recife, direto para a prisão.

A deposição de Miguel Arraes, como as demais intervenções dos militares golpista no País, foi um espetáculo cinematogáfico. Fortemente armadas, tropas militares cercaram o Palácio do Governo e, inicialmente, tentaram fazer com que o governador renunciasse.

Arraes não obedeceu, sob a alegação de que a renúncia seria uma traição ao povo que o elegera (“prefiro ir pra cadeia a trair o povo”), e ali mesmo recebeu voz de prisão, tendo em seguida perdido todos os seus direitos políticos.

O dia primeiro de abril de 1964 foi uma quarta-feira e o governador Miguel Arraes acordou sob a mira de canhões colocados no Cais do Apolo e na Rua da Aurora, apontando para o Palácio do Governo.

Um grupo de estudantes organizava, no centro do Recife, uma passeata em defesa da legalidade e era recebido à bala por tropas do Exército. Três pessoas foram mortas e várias feridas. A redação do jornal Última Hora foi fechada e os jornalistas presos.

À tarde, havia vários presos em todo o Estado. Quando Arraes deixou o Palácio, já era início da noite. Num fusca, ele foi levado para o Quartel de Socorro, em Jaboatão dos Guararapes, e em seguida foi conduzido para a ilha de Fernando de Noronha, onde permaneceu onze meses.

Passou ainda pelas prisões da Companhia da Guarda, do Corpo de Bombeiros, e da Fortaleza de Santa Cruz, esta no Rio de Janeiro, onde se encontrava a 25 de maio de 1965, quando foi libertado através de um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal e embarcou para a Argélia.

Depois de viver 14 anos no exílio, em 1979 Miguel Arraes é beneficiado pela anistia concedida pelo governo brasileiro a todos os banidos pelo movimento militar de 1964 e retorna ao Brasil.

Chega ao Recife a 16 de setembro, sendo recepcionado com um gigantesco comício no largo de Santo Amaro, ao qual compareceram cerca de 60 mil pessoas.

Retoma sua trajetória política filiado ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e, em 1982, é eleito o deputado federal mais votado do Norte e Nordeste. Em 1986, ainda pelo PMDB, Miguel Arraes é eleito pela segunda vez governador de Pernambuco, conquistando 53,5% dos votos, derrotando José Múcio, do PFL.

Além de voltar ao Palácio das Princesas, Arraes elege os dois senadores (Mansueto de Lavor e Antônio Farias), impondo uma surpreendente derrota ao favorito Roberto Magalhães (PFL).

Em 1990, já pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), do qual foi fundador e presidente nacional, Arraes é eleito o deputado federal mais votado do Brasil Em 1994, é eleito pela terceira vez governador de Pernambuco, derrotando Gustavo Krause (PFL) por uma diferença de mais de 300 mil votos.

Em 1998, ainda no cargo de governador, Arraes decide disputar a reeleição contra Jarbas Vasconcelos (seu antigo aliado e agora candidato de uma aliança PMDB/PFL). Miguel Arraes fez toda a campanha criticando a política econômica do presidente Fernando Henrique Cardoso e perdeu a eleição para Jarbas por uma diferença de mais de 1 milhão de votos. Em 2002, mais uma vez elege-se deputado federal.

Miguel Arraes morreu a 13 de agosto de 2005, às 11h40m, no Hospital Esperança, Recife, onde estava internado desde 17 de junho, por conta de uma infecção pulmonar. Segundo boletim médico, a causa da morte foi “choque séptico causado por uma infecção respiratória agravada pela insuficiência renal que ele vinha apresentando.


Ao velório do ex-governador, no Palácio das Princesas, compareceram autoridades e políticos de todo o Brasil, entre os quais o presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, vários ministros, o governador e o prefeito de São Paulo, deputados e senadores de vários Estados, além de artistas como o compositor Caetano Veloso.

Milhares de pessoas acompanharam o cortejo até o Cemitério de Santo Amaro, onde o corpo de Miguel Arraes foi sepultado.
 
Biblioteca Aderbal Piragibe | Adaptação by Jane Mécia Oliveira ©2010 | Baseado no Template Oggi/Novo Blogger