Zequinha de Abreu

sexta-feira, 7 de maio de 2010


José Gomes de Abreu nasceu em 19.9.1880, na cidade de Santa Rita do Passa Quatro, SP, e faleceu em 22.01.1935, na capital paulista, com 54 anos de idade.

Era o primeiro dos 8 filhos do boticário José Alacrino Ramiro de Abreu e Justina Gomes Litão. Com 5 anos, já surpreendia por sua vocação musical. Com 10 anos, tocava requinta, flauta e clarineta na banda e ensaiava suas primeiras composições.

Aprendeu as primeiras letras em Santa Rita. Continuou seus estudos no Colégio São Luís de Itu, de padres, de 1891 a 1893, e no Seminário Episcopal de São Paulo, de 1894 a 1896. Teve aulas de música bons professores. A mãe o queria padre e, o pai, médico. Zequinha só queria ser músico e voltou para sua cidade.

Com 17 anos, funda sua primeira orquestra e dá início a uma atividade musical de mais de 20 anos: saraus, bailes, aniversários, casamentos, serestas e acompanhamento dos filmes-mudos. Era considerada uma das melhores de toda a região. Já se tinha casado, em 1899, com apenas 18 anos, com Durvalina Pires Brasil, de 14 anos, que resida no Distrito de Santa Cruz da Estrela, atual Jacerandi, próximo a Santa Rita. Aí o casal viveu alguns meses, com uma farmácia e uma classe de ensino primário. De volta à cidade, a par da orquestra e de conjunto musical, Zequinha haveria de acumular os cargos de secretário da Câmara Municipal e de escrevente da Coletoria Estadual. Era necessário se desdobrar, porque a família não parava de crescer. Foram 8 filhos, todos começados com D: Durval, Dermeval, Dinorah, Doríval, Diva e Dirce.

Muda-se para a Capital, em setembro de 1920, logo depois do falecimento do pai. Em São Paulo, seu ritmo profissional é o mesmo: clubes, cabarés, "dancings", casas de família, festas e estabelecimentos comerciais, como o Bar Viaduto e a Confeitaria Seleta, Seu piano e seus conjuntos eram sempre muito requisitados e suas músicas cada vez mais aplaudidas. Vinha compondo desde há muito, até editando particularmente algumas delas.

Trabalhava também na Casa Beethoven. Mostrava no piano como soavam os últimos lançamentos musicais. Atraía, com seu talento de músico e compositor, fregueses para as partituras e fazia para, para ouvi-lo, os transeuntes da Rua Direita. Foi na Casa Beethoven que Vicente Vitale, que iniciava com seus irmãos uma editora musical, travou conhecimento com Zequinha. Assim, em 1924, Vicente Vitale, lançava, sob nº 12 do catálogo de sua nascente editora, a valsa Branca de Zequinha, um sucesso extraordinário. "Devo a Zequinha, Exclusivamente, o meu grande início como editor" reconhecia Vicente, que depois editou sua música mais conhecida "Tico Tico no Fubá".

Outros sucessos foram se seguindo e Vicente não teve dúvidas em propor-lhe um contrato de exclusividade, com a obrigação de entregar à editora uma música nova a cada mês, em troca de um ordenado compensador. Zequinha talvez tenha sido o único compositor de sua época a trabalhar mensal sob contrato de ganho mensal fixo. Sua ligação com os Vitale perduraria enquanto viveu. Vicente Vitale viria a falecer, em 19.9.1980, com 77 anos, exatamente no dia em que se comemorava o centenário do compositor e amigo Zequinha.

Incansável como sempre foi, ainda dava aulas de piano, geralmente para as jovens de família e aproveitava para vender as partituras de suas músicas nas casa que freqüentava. Era, contudo, despossuído de ambição e pródigo com os amigos necessitados. Torcia pelo glorioso C.A. Paulistano e, na sua boêmia, fazia-se acompanhar dos filhos Durval e Dermeval.

Improvisava ao piano canções sobre canções durante horas, com a cervejinha do lado. "Era um simples e um bom. Modesto até o extremo, nunca tivera para ninguém uma palavra depreciativa. Falava pouco, sorria bastante. Escrevia música tão depressa como qualquer pessoa que sabia escrever ligeiro"- rememorou o piauiense Hermes Vieira, que usava o pseudônimo de Naro Demóstenes, seu amigo e letrista.
 
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